Lost in translation
Dois estranhos...que se conhecem melhor do que a ninguém mais...numa cidade fria, não pela temperatura, mas por não ser sua própria cidade...
No táxi, alguma música da Ana Carolina toca no rádio, numa dessas rádios de consultório médico, no volume exato das rádios de consultório médico. Não importa. Ele a aconchega junto de si e, no refrão, aperta sua coxa, como se quisesse dizer algo, como se aquela canção expusesse uma dor que ele sempre preferiu esconder...
Na cidade que não é a deles, no carro que não é o deles, uma música que não é a deles...entretanto, tudo é tão familiar! O abraço que se encaixa com perfeição...os mesmos cheiros, a respiração, o tom de voz...poderiam dizer que estão ali pela inércia do que já foi, se o que foi já não tivesse sido há algum bom tempo...velhas piadas...uma delicadeza...um carinho...
Um restaurante nunca visitado, novas histórias nunca contadas...o mesmo beijo de sempre, mesmas mãos se tocando, a mesma Coca-Cola. Dois estranhos que, como sempre, têm tanto tanto tanto a conversar...são os últimos a sair do lugar...
As ruas desertas, sem testemunhas, permitem que sejam quem sempre foram. Sem máscaras, sem sujeição a julgamentos de terceiros...afinal, eles não entenderiam como esses estranhos se conhecem tanto e sentem-se tão bem ali, no meio do nada. Condenariam, apontariam, cobrariam rancor, exigiriam mágoa e afastamento..."o inferno são os outros", Sarte diria...
Mas esses estranhos não conhecem o rancor, a mágoa não supera, e o afastamento não se concretiza...
Vão dormir...é muito tarde na cidade do trabalho...deitam-se como amigos, acordam como amantes...se abraçam...e voltam a dormir. Numa cidade que não é a sua, num quarto que não é o seu, numa cama que não é a sua, se reconhecem...
Nunca, em toda sua vida, estiveram mais em casa.
No táxi, alguma música da Ana Carolina toca no rádio, numa dessas rádios de consultório médico, no volume exato das rádios de consultório médico. Não importa. Ele a aconchega junto de si e, no refrão, aperta sua coxa, como se quisesse dizer algo, como se aquela canção expusesse uma dor que ele sempre preferiu esconder...
Na cidade que não é a deles, no carro que não é o deles, uma música que não é a deles...entretanto, tudo é tão familiar! O abraço que se encaixa com perfeição...os mesmos cheiros, a respiração, o tom de voz...poderiam dizer que estão ali pela inércia do que já foi, se o que foi já não tivesse sido há algum bom tempo...velhas piadas...uma delicadeza...um carinho...
Um restaurante nunca visitado, novas histórias nunca contadas...o mesmo beijo de sempre, mesmas mãos se tocando, a mesma Coca-Cola. Dois estranhos que, como sempre, têm tanto tanto tanto a conversar...são os últimos a sair do lugar...
As ruas desertas, sem testemunhas, permitem que sejam quem sempre foram. Sem máscaras, sem sujeição a julgamentos de terceiros...afinal, eles não entenderiam como esses estranhos se conhecem tanto e sentem-se tão bem ali, no meio do nada. Condenariam, apontariam, cobrariam rancor, exigiriam mágoa e afastamento..."o inferno são os outros", Sarte diria...
Mas esses estranhos não conhecem o rancor, a mágoa não supera, e o afastamento não se concretiza...
Vão dormir...é muito tarde na cidade do trabalho...deitam-se como amigos, acordam como amantes...se abraçam...e voltam a dormir. Numa cidade que não é a sua, num quarto que não é o seu, numa cama que não é a sua, se reconhecem...
Nunca, em toda sua vida, estiveram mais em casa.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home