segunda-feira, dezembro 03, 2001

Vamos combinar mais algumas coisas (eu sempre tento combinar as coisas): quem não tiver nada interessante pra dizer, fique calado. Se não sabe muito bem expressar o que está pensando ou sentindo, leia o Estadão (arrrgh...mas, vá lá, a campanha é boa), tenha assunto, vá se concentrar...só não venha me perguntar, com ar de espanto, se eu estou passando por transformações...
Quem não estiver passando por transformações a cada minuto é morto e esqueceu de deitar-se!!!!!!!!! Ou preguiçoso demais para não pensar, não refletir, não debruçar-se sobre si próprio. Citações sempre parecem muito arrogantes, mas creio que meus 0,35 leitores vão me perdoar: "Não me envergonho de mudar de idéia porque não me envergonho de pensar." Isso é lindo, apesar de eu não estar conseguindo lembrar quem escreveu.
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Bruno, agora seu nome também tá aqui!!!!! Pronto, fim da sessão ciúme. E eu digo que ele foi meu amigão ao deixar de escrever a sua super monografia, que não sai desde o meio desse ano, pra me ensinar - EM UMA HORA! - a mexer nas principais funções do excel. Admito, vergonha minha, mas não sabia nem montar uma simples tabelinha! E ele ainda me ofereceu biscoitinhos de tomate!
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Quis escrever na noite de sábado, mas minhas lágrimas e minha cama, no escuro, ouvindo no frontiers, dos Corrs, não deixaram...ele é meu padrinho, ele tem câncer...já não fala mais, pelo que eu soube...tem muito, mas muito tempo que não o vejo. Mais de década. Desde que seus dois filhos, meus primos em primeiro grau, morreram em acidentes de carro, no mesmo ano, em meses diferentes. Lancinante, enlouquecedor. Entendo o sumiço e a quebra com tudo o que representava o seu mundo antigo, em ordem...Ele pirou mesmo. (E meu pai, que tentava segurá-lo, impedindo que ele fizesse a loucura de colocar minha tia e as filhas no carro e dissesse bye bye pra tudo, de frente pra um poste, acabou saindo o vilão de uma história, mas isso é oooooutro papo. Não tô a fim de tocar nessa ferida agora.)
Eu me lembro dele, sentado na escadinha de minha antiga casa, em uma manhã de sábado ou domingo, fumando e chamando meu pai pelo apelido que só ele chamava, pois ele o tinha dado... Lembro-me dele bebum da silva, falando bobagens, sem papas na língua. Lembro-me, enfim.
Não sei exatamente o que me fez pensar nele. Mas pensei... e senti saudade, senti vontade de dizer que ele é querido, é meu padrinho querido, e eu espero que a vida ainda possa lhe ser gentil, de alguma forma...Preciso encontrar com ele, urgentemente! Pois nada é mais devastador do que perceber que uma pessoa se foi sem você ter dito a ela, enquanto podia, que a queria bem, que ela era importante.